19 de outubro de 2010

Nem sempre a lápis (95)

«Carnaxide está na moda». Quem o afirma é o convicto pano de fundo do palco montado no Centro Cívico; fora de moda, não ouvi a chamada a tempo. Admiti que a extensão irreconhecível do número confirmasse que tinhas chegado à Índia. Passei (incólume) pela livraria, fui às anonas à frutaria e voltei para casa; a chamada não atendida no fixo franqueara-te as portas do Oriente. Abro o e-mail, como o faço várias vezes por dia:
«Cheguei hoje, pelas 6h30, a Delhi, estourada mas ávida por sentir a cidade. Vínhamos do aeroporto de táxi, houve uma cena que me fez lembrar quando fomos a Marrocos e o polícia enfiou dois estalos num homem na fronteira, em Ceuta.
O rickshaw onde vínhamos ia a pisar os traços contínuos todos, tudo do pior, e uns polícias mandaram-no parar. Começaram todos aos gritos; entretanto, como aquilo não acabava, saímos do carro e fui dizer a um dos polícias que já tínhamos pago a viagem e que tínhamos de ir para o hotel... [Gramava ter visto uma algarvia a mandar vir com um chui indiano.]
Tentei telefonar-te, mas como não atendeste, e ainda bem, porque no hotel tenho computador... Apesar de não estar sempre disponível, é melhor do que nada.»
Tanto. Ontem, um e-mail de Saïd Benabdelouahed apontava a tradução de Al-Khaïma para árabe, durante o próximo ano; hoje, sento-me na aviadora a comer uma anona com sabor a outro idioma.
[En direction d'Amritsar, Penjab]

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