2 de março de 2011

Nem sempre a lápis (139)

Acontece a todos, e também ós melhores e ós maiores – onde, naturalmente, não me incluo –, sermos literalmente lidos por um livro e voltarmos ao princípio, sem darmos pela dimensão; A Casa de Papel e O Segredo de Joe Gould, sessenta páginas separam estes exemplos imediatos. Outros há, que depois de nos filarem durante um número esquecido de horas de leitura, seguros de nos terem reféns exigem pausas reflexivas para Aprender a rezar na Era da Técnica. O que distingue estes exemplos, em nada antagónicos nem poluídos pelo item qualitativo arruaceiro, é a forte personalidade da escrita; uma, já está a limpar os lábios quando pegamos na primeira linha e a outra, desossa-nos com luxúria de gastrónomo. Ora, se eu armo um escarcéu com Vila-Matas, Cormac, Sebald, Berger, Piglia, Walser, Toscana, porque carga de água (tromba, tsunami) não hei-de gritar aos sete ventos que ando delirante com Gonçalo M. Tavares e as entrevistas a que vou tendo acesso? Por não ser um autor importado; por ser da casa e ter o atrevimento de escrever como escreve em língua portuguesa? Não é por cobardia, mas, tendo em conta a herpes da destinatária, ninguém melhor do que o César Monteiro para fazer minhas as suas previdentes palavras: «Eu quero que as más-línguas se fodam.»

4 comentários:

imo disse...

Como te entendo ;)

salamandrine disse...

gaja a aplaudir ;))

Cristina Torrão disse...

Pelo que tenho lido aqui, também aplaudo. GMT já faz parte da minha lista de desejos (primeiro, tenho de ir a Portugal. Sei que se pode encomendar online, mas gosto mais de comprar na livraria; ou na Feira).

fallorca disse...

Têm a palavra, as meninas :)