30 de outubro de 2011
29 de outubro de 2011
23 de outubro de 2011
21 de outubro de 2011
20 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Nascera para ele; ignorava, ou parecia ignorar por completo, os tristes compromissos e expedientes, as substituições e as fantasias que constituem a bagagem emocional do indivíduo médio.»
(Anita Brookner)
Nem sempre a lápis (222)
A capa de A mulher descalça estimulou a possibilidade de sedar a doença da escrita com texto rasurado; ininteligível. Perder a escrita, livre de teorias.
Papiro do dia (142)
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[Anita Brookner, Olhem Para Mim; trad. Paula Reis, Teorema 1988;
19 de outubro de 2011
18 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Jamais voltará a haver, para mim, a menor necessidade de fingir que tudo corre muito bem. Não corre, nem nunca correu. Era transitório e treinei-me a mim mesma para o suportar.»
(Anita Brookner)
Nem sempre a lápis (221)
Papiro do dia (141)
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Sinto resistência em mim própria, é claro. É perfeitamente natural. Sou bastante nova e sei que levo uma vida insípida. Há alturas em que parece um esforço físico só o facto de me sentar à minha secretária e puxar do bloco-notas. Por vezes, dou comigo a deixar escapar um suspiro, quando leio o que acabei de escrever. Tenho momentos em que o esforço de chegar a pena ao papel é tão grande que sinto literalmente uma dor de cabeça, como se tudo o que é mobília estivesse a ser posto numa nova posição, como se estivesse a ser alinhado, aprontado para a entrega num armazém. E, todavia, quando começo a escrever todo esse peso se desvanece, e sinto-me invadida por uma espécie de electricidade, não desagradável em si mesma, mas que leva, inevitavelmente, a uma inquietação maior.»
17 de outubro de 2011
16 de outubro de 2011
Nem sempre a lápis (220)
Papiro do dia (140)
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Chamo-me Francês Hinton e não gosto que me tratem por Fanny. Trabalho na biblioteca de um instituto de pesquisa médica que se dedica ao estudo dos problemas relativos ao comportamento humano. Tenho a meu cargo o material pictórico, um arquivo de fotografias de obras de arte e de gravuras populares – que dizem sem paralelo em todo o mundo –, representando médicos e pacientes, através dos tempos. É uma enciclopédia da doença e da morte, porque, em épocas recuadas, poucas moléstias tinham cura e parecem, por conseguinte, ter exercido um horrível fascínio na mente humana. Estamos particularmente interessados nos sonhos e na loucura, e a nossa colecção inclina-se, como seria natural, para o lado do incalculável e do não diagnosticado. Os problemas do comportamento humano ainda nos continuam a confundir mas, pelo menos na Biblioteca, temo-los arquivados como deve ser.»
[Anita Brookner, Olhem Para Mim; trad. Paula Reis, Teorema 1988]
15 de outubro de 2011
14 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Deitado na palha, nu como vim ao mundo, eu conhecia a paz; caí pensando nessa hora tranquïla em que os rebanhos procuram o poço e os pássaros derradeiros buscam o seu pouso;»
(Raduan Nassar)
Nem sempre a lápis (219)
A foto é de Maio de 88, em Sintra; seguro ao colo a primeira sobrinha da Nico, com semanas. Libertava-me de medicações; prestava declarações aos buracos negros da memória, abertos pelo álcool. Tomo há cinco anos – todos os dias e até ao meu fim deles – os que se apresentaram à frente da foto em álbum alheio; omisso o tempo intermédio.
Papiro do dia (139)
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[Raduan Nassar, Lavoura Arcaica; Relógio D’Água, Outubro 1999;
13 de outubro de 2011
12 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Guardo só comigo toda essa ciência primordial, que, se aplicada, não serviria tanto a mim quanto à família, enfrentando o desdém dos que me olham, não revelando jamais a natureza da minha vadiagem.»
(Raduan Nassar)
Nem sempre a lápis (218)
Abri a torneira da água e meti a chave à porta. Descansei a bagagem pelas cadeiras e na mesa da sala e olhei para o relógio; numa hora parada, acertada pela uma e vinte. No quarto não se ouve o tiquetaque junto à caixa de madeira; mais nítido o pêndulo, o vaivém da memória. Uma casa serrana sacudida pelos cascos dos cavalos, na loja; um apartamento no Porto e os acordes do piano, à saída do elevador. Tanta luz nas minhas costas, a caminhar pela praia até ver a Lua.
Papiro do dia (138)
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[Raduan Nassar, Lavoura Arcaica; Relógio D’Água, Outubro 1999;
11 de outubro de 2011
10 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Só os tolos, entre os que foram atirados com displicência ao fundo, tomam de empréstimo aos que estão por cima a régua que estes usam para medir o mundo.»
(Raduan Nassar)
Nem sempre a lápis (217)
Papiro do dia (137)
[Raduan Nassar, Lavoura Arcaica; Relógio D’Água, Outubro 1999]
1 de outubro de 2011
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