30 de outubro de 2011
29 de outubro de 2011
23 de outubro de 2011
21 de outubro de 2011
20 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Nascera para ele; ignorava, ou parecia ignorar por completo, os tristes compromissos e expedientes, as substituições e as fantasias que constituem a bagagem emocional do indivíduo médio.»
(Anita Brookner)
Nem sempre a lápis (222)
A capa de A mulher descalça estimulou a possibilidade de sedar a doença da escrita com texto rasurado; ininteligível. Perder a escrita, livre de teorias.
Papiro do dia (142)
«A diferença entre nós era ela agarrar-se às suas recordações e permitir que lhe ensombrassem o presente, enquanto eu me esforçava ardor por perder as minhas e olhar para o futuro, para uma época em que já não me perturbariam. Então, abandonaria o que me rodeava, tal como uma borboleta saída da crisálida, e voaria em direcção a um futuro que não estivesse cheio das relíquias de outras pessoas. Mas a Alix esforçava-se por preservar um passado que não era só passado como se encontrava, também, ultrapassado, visto ter, então, a sua vida com o Nick. Por vezes, apercebia-me de que ela comparava ambos como se ambos a tivessem traído. Para mim era difícil compreender a situação, embora me limitasse a admirar a sua exigência. Os olhos semicerravam-se-lhe quando via os livros de Nick na secretária que pertencera, outrora, ao pai, e mantinha sempre os reposteiros meio corridos, por não poder suportar os caixilhos de metal ou a vista das casas, do outro lado da rua. A sala de estar encontrava-se constantemente semi-mergulhada na escuridão, o que parecia apropriado à sua natureza felina. Tudo isso escrevi eu no meu diário.»
[Anita Brookner, Olhem Para Mim; trad. Paula Reis, Teorema 1988;
19 de outubro de 2011
18 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Jamais voltará a haver, para mim, a menor necessidade de fingir que tudo corre muito bem. Não corre, nem nunca correu. Era transitório e treinei-me a mim mesma para o suportar.»
(Anita Brookner)
Nem sempre a lápis (221)
Ainda pensei regressar a casa com uma dormida em Porto Covo e encerrar a época, mas foi mais forte o apelo das feiras do Sul. Perdida a de Algoz, na segunda segunda-feira de cada mês, a proximidade anual da Feira de Castro recomenda a ida e volta a casa de autocarro. Satisfaço pedidos de livros via e-mail e revejo as paisagens escondidas ao volante. Ando descalço e de calções e já estacionei o tronco nu na açoteia do bar da rampa, em contraluz; passeio os cães quando vou tomar o pequeno-almoço e ao fim da tarde; a ver as gaivotas a fazerem piscina no lago em frente da Casa Inglesa; a ver as lanchas que foram mostrar a costa podre aos turistas, do camarote do Clube Naval. É que a humidade de Outubro não deve aconselhar banhos de Sol e de mar pela Costa Vicentina, nem vontade de acender uma lareira; tão cedo. Sentado no recanto que desce para a praia, junto da Ermida, a unha da Lua anuncia o cheiro de outros dialectos; de banca em banca, disponíveis os livros na sacola.
Papiro do dia (141)
«Caminho com a Olívia até ao carro dela, e depois compro um jornal e leio-o, algures, com uma chávena de café. Nunca me apetece ir para casa e adio isso o mais que posso. Em geral, vou a pé, desde a Manchester Square, onde fica situado o Instituto, pela Edgware Road fora, passando por todas aquelas horríveis lojas, cheias de cintas e de fardas de enfermeiras, de cassetes de vídeo e de comida indiana. Deixo para trás as lavandarias e os cabeleireiros baratos, com as suas luzes de néon, cor de malva, até chegar aos sítios elevados, mais salubres. Vou sempre a pé, seja qual for o tempo que faça. E, quando me vejo livre da minha inquietação e da minha tendência para meditar, entro no apartamento e lá fico. Há sempre qualquer coisa para comer e também tento escrever, em geral. Dessa forma consigo livrar-me do resto do dia.
Sinto resistência em mim própria, é claro. É perfeitamente natural. Sou bastante nova e sei que levo uma vida insípida. Há alturas em que parece um esforço físico só o facto de me sentar à minha secretária e puxar do bloco-notas. Por vezes, dou comigo a deixar escapar um suspiro, quando leio o que acabei de escrever. Tenho momentos em que o esforço de chegar a pena ao papel é tão grande que sinto literalmente uma dor de cabeça, como se tudo o que é mobília estivesse a ser posto numa nova posição, como se estivesse a ser alinhado, aprontado para a entrega num armazém. E, todavia, quando começo a escrever todo esse peso se desvanece, e sinto-me invadida por uma espécie de electricidade, não desagradável em si mesma, mas que leva, inevitavelmente, a uma inquietação maior.»
17 de outubro de 2011
16 de outubro de 2011
Nem sempre a lápis (220)
A primeira vez que me refugiei em Armação, na casa de ninguém, tive duas bicicletas. Comecei por uma pasteleira adolescente, cor-de-rosa e sem mudanças, imediatamente baptizada Rosete e estímulo para troca de galhardetes com os empregados das esplanadas que frequentava. Acabava o trabalho, recolhia a Rosete debaixo da escada do prédio e demandava o mar a pedalar pelo nome da rua que se oferecia. Encostava-a ao paredão do bar da lota, sem problemas, mas a pequena subida para a Fortaleza e descida em roda livre até ao Tapas, era recebida com um invariável: «A Rosete dá cabo de si.» Reconsiderei o caso e propus a troca por uma com mudanças e fruto de vários cruzamentos urban-cross, ao cicloturista que me vendeu a Rosete, retirada de um lote agrilhoado a um loendro com corrente e respectivo cadeado. De nada lhe valeu a precaução: não consta que alguma vez lhe tenham roubado uma bicicleta, mas pedaleiras mais expeditas cortaram-lhe a ocupação do loendro público cerce ao pavimento de fóiaite que substitui a calçada, onde se negociava e concertavam bicicletas. Ao fim das tardes em que não fui à praia, vou com os cães até ao rio e sento-me a ver passar ciclistas; braço apoiado no guiador, perspectiva Miller. Ainda me lembrei de ter pena, sem lamentar, ter dado a bicicleta à mulher que cozia o pão, a Lena, numa atitude de boa vizinhança. Poucas vezes a vi usá-la, durante os anos que vivi no Monte Alto. Admito que desconhecesse o significado do gesto e a pudesse ter ofendido; não a uso, dou-lha. Não faz mal, delicio-me a passear de bicicleta entre a antiga lota de Portimão e o Clube Naval, arrumada no vão da escada da casa da mãe da Nico; delicio-me tanto como a subir o Arade a bordo de um barco de pesca cruzado com um moliceiro, «2.30 horas de passeio – sumo e vinho incluído», alerta-me o folheto, antes de consultar a provocação dos horários.
Papiro do dia (140)
«Uma coisa, logo que conhecida, jamais poderá ser desconhecida. Apenas poderá ser esquecida. E, na medida em que domina o tempo, enquanto puder ser lembrada, indicará o futuro. É mais prudente, sejam quais forem as circunstâncias, esquecer, cultivar a arte de esquecer. Lembrar é defrontar o inimigo. A verdade jaz na lembrança.
Chamo-me Francês Hinton e não gosto que me tratem por Fanny. Trabalho na biblioteca de um instituto de pesquisa médica que se dedica ao estudo dos problemas relativos ao comportamento humano. Tenho a meu cargo o material pictórico, um arquivo de fotografias de obras de arte e de gravuras populares – que dizem sem paralelo em todo o mundo –, representando médicos e pacientes, através dos tempos. É uma enciclopédia da doença e da morte, porque, em épocas recuadas, poucas moléstias tinham cura e parecem, por conseguinte, ter exercido um horrível fascínio na mente humana. Estamos particularmente interessados nos sonhos e na loucura, e a nossa colecção inclina-se, como seria natural, para o lado do incalculável e do não diagnosticado. Os problemas do comportamento humano ainda nos continuam a confundir mas, pelo menos na Biblioteca, temo-los arquivados como deve ser.»
[Anita Brookner, Olhem Para Mim; trad. Paula Reis, Teorema 1988]
15 de outubro de 2011
14 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Deitado na palha, nu como vim ao mundo, eu conhecia a paz; caí pensando nessa hora tranquïla em que os rebanhos procuram o poço e os pássaros derradeiros buscam o seu pouso;»
(Raduan Nassar)
Nem sempre a lápis (219)
A foto é de Maio de 88, em Sintra; seguro ao colo a primeira sobrinha da Nico, com semanas. Libertava-me de medicações; prestava declarações aos buracos negros da memória, abertos pelo álcool. Tomo há cinco anos – todos os dias e até ao meu fim deles – os que se apresentaram à frente da foto em álbum alheio; omisso o tempo intermédio.
Papiro do dia (139)
«… arregaçarei os braços, reúno facas e cordas, amarro, duas a duas, suas tenras patas, imobilizando a rês assustada debaixo dos meus pés; minha mão esquerda se prenderá aos botões que despontam no lugar dos cornos, torcendo suavemente a cabeça para cima até descobrir a área pura do pescoço, e com a direita, grave, desfecho o golpe, abrindo-lhe a garganta, liberando balidos, liberando num jorro escuro e violento o sangue grosso; tomarei a ovelha ainda fremente nos meus braços, faço-a pendente de borco de uma verga, deixando ao chão a seiva substanciosa que corre dos tubos decepados; entrarei na sua pele um caniço resoluto que comporte, duro e resistente, um sopro forte, aplicando nele meus lábios e soprando como meu velho tio soprava flauta, enchendo-a de uma antiga canção desesperada, estufando seu tamanho como só a morte de três dias estufa os animais; e esfolada, e rasgado o seu ventre de cima até em baixo, haverá uma intimidade de mãos e vísceras, de sangues e virtudes, visgos e preceitos, de velas exasperadas carpindo óleos sacros e muitas outras águas, para que a Tua fome obscena seja também revitalizada; um milagre, um milagre, eu ainda suplicava em fogo quando senti assim de repente que uma mão anémica que eu apertava era um súbito coração de pássaro, pequeno e morno, um verbo vermelho e insano já se agitando na minha palma! cheio de tremuras, cegado de muros tão caiados, esmaguei a água dos meus olhos e disse sempre em febre Deus existe e em Teu nome imolarei um animal para nos provermos de carne assada, e decantaremos numerosos vinhos capitosos, e nos embriagaremos depois como dois meninos, e subiremos escarpas de pés descalços (que tropel de anjos, que acordes de cítaras, já ouço cascos repicando sinos!) e, de mãos dadas, iremos juntos incendiar o mundo!»
[Raduan Nassar, Lavoura Arcaica; Relógio D’Água, Outubro 1999;
13 de outubro de 2011
12 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Guardo só comigo toda essa ciência primordial, que, se aplicada, não serviria tanto a mim quanto à família, enfrentando o desdém dos que me olham, não revelando jamais a natureza da minha vadiagem.»
(Raduan Nassar)
Nem sempre a lápis (218)
Abri a torneira da água e meti a chave à porta. Descansei a bagagem pelas cadeiras e na mesa da sala e olhei para o relógio; numa hora parada, acertada pela uma e vinte. No quarto não se ouve o tiquetaque junto à caixa de madeira; mais nítido o pêndulo, o vaivém da memória. Uma casa serrana sacudida pelos cascos dos cavalos, na loja; um apartamento no Porto e os acordes do piano, à saída do elevador. Tanta luz nas minhas costas, a caminhar pela praia até ver a Lua.
Papiro do dia (138)
«Saltei num instante para cima da laje que pesava sobre o meu corpo, meus olhos de início foram de espanto, redondos e parados, olhos de lagarto que abandonando a água imensa tivesse deslizado a barriga numa rocha firme; fechei minhas pálpebras de couro para proteger-me da luz que me queimava, e meu verbo foi um princípio de mundo: musgo, charcos e lodo; e meu primeiro pensamento foi em relação ao espaço, e minha primeira saliva revestiu-se do emprego do tempo; todo espaço existe para um passeio, passei a dizer, e a dizer o que nunca havia sequer suspeitado antes, nenhum espaço existe se não for fecundado, como quem entra na mata virgem e se aloja no interior, como quem penetra num círculo de pessoas em vez de circundá-lo timidamente de longe; e na claridade ingénua e cheia de febre logo me apercebi, espiando entre folhagens suculentas, do vôo célere de um pássaro branco, ocupando em cada instante um espaço novo; pela primeira vez senti o fluxo da vida, seu cheiro forte de peixe, e o pássaro que voava traçava em meu pensamento uma linha branca e arrojada, da inércia para o eterno movimento; e mal saindo da água do meu sono, mas já sentindo as patas de um animal forte galopando no meu peito, eu disse cegado por tanta luz tenho dezassete anos e minha saúde é perfeita e sobre esta pedra fundarei minha igreja particular, a igreja para o meu uso, a igreja que freqüentarei de pés descalços e corpo desnudo, despido como vim ao mundo, e muita coisa estava acontecendo comigo pois me senti num momento profeta da minha própria história, não aquele que alça os olhos pro alto, mas antes o profeta que tomba o olhar com segurança sobre os frutos da terra, e eu pensei e disse sobre esta pedra me acontece de repente querer, e eu posso! vendo o sol se enchendo com seu sangue antigo, retesando os músculos perfeitos, lançando na atmosfera seus dados de cobre sempre seguidos de um vento quente zunindo nos meus ouvidos, me rondando o sono quieto de planta, despenteando o silêncio do meu ninho, me espicaçando o couro nas pontas da sua luz metálica, me atirando numa súbita insônia ardente, que bolhas nos meus poros, que correntes nos meus pêlos enquanto perseguia fremente uma corça esguia, cada palavra era uma folha seca e eu nessa carreira pisoteando as páginas de muitos livros, colhendo entre gravetos este alimento ácido e virulento, quantas mulheres, quantos varões, quantos ancestrais, quanta peste acumulada, que caldo mais grosso neste fruto da família! eu tinha simplesmente forjado o punho, erguido a mão e decretado a hora: a impaciência também tem os seus direitos!»
[Raduan Nassar, Lavoura Arcaica; Relógio D’Água, Outubro 1999;
11 de outubro de 2011
10 de outubro de 2011
Às vezes, lá calha...
«Só os tolos, entre os que foram atirados com displicência ao fundo, tomam de empréstimo aos que estão por cima a régua que estes usam para medir o mundo.»
(Raduan Nassar)
Nem sempre a lápis (217)
Um grupo cabo-verdiano, assistido por uma gazelinha nervosa, soube pôr um sorriso nos rostos e os corpos do Chiado a dançar; até os que eram colhidos à saída do metro. E eu devo ter em conta o dia da semana em que vou jantar à minha cantina, o Tagarro, para não me sentir encurralado por mesas corridas de antigos alunos e gineceus de origem variada e saudades de Verão. Acabou; vi hoje as primeiras meias e legs da época, que não vi na pretérita quinta-feira – 22 de Setembro, faço questão de memorizar –, quando fui buscar um caixote com 80 exemplares de A mulher descalça, à Cromotipo. Apesar do tamanho, vim para casa de táxi; não dei pela tarde a numerar e autenticar, um a um. Agrupados por retribuição e distribuída uma dezena por três livrarias, Porto incluído, afinal não andei muito longe da ideia inicial de uma tiragem de 50 para oferta; queria era ver o livro. Quando estudei os orçamentos com a Inês Mateus, fui sincero e reconsiderei que não tenho meia centena de destinatários – de amigos, simplifiquemos assim -, optando por imprimir mais trinta para vender e fazerem companhia a não sei quantos A cicatriz do ar. Deixei de contá-los; vão saindo. Mas fiquei surpreendido por reter as duas primeiras dezenas de A mulher descalça e ver como aumentou o documento intitulado “direcções”. Abeirei-me do balcão da Pó dos Livros, depositei um ao lado do rato, enquanto esperava que o Jaime atendesse uma cliente que desconhecia o método sms. Depois falámos de negócios: ele fez questão de desempenhar o papel de livreiro, à maneira; eu, o de autor que se edita. Chegámos a acordo; poupei um saco de papel à casa e arrumei a sms de Danúbio (Claudio Magris) no que levava comigo. Deixei-me ficar uma boa meia hora na última mesa da esplanada d’A Brasileira; sem lápis. Passei junto do poste e do quiosque em frente da Vista Alegre, hoje praça de táxis, onde bateram contra o 2CV em que morreu o meu irmão. Admiti a possibilidade de ter sido aí que a foto a caminhar com a Nico, tirada por um profissional da memória em Maio de 76, se tenha começado a embaciar. Admiti, deixando que o bairro me levasse até à Zé dos Bois para entregar a segunda dezena de livros na Letra Livre, e levantar mais um Longe do Mundo para juntar aos títulos a oferecer à Bárbara Mesquita. Encontrámo-nos em Porto Covo, depois de um livro me ter chamado a atenção na mão da Anka, no dia em que a esplanada do Marquês, o Chiado, o Petit Socco lá do lugar fecha e ficamos tresmalhados. Reposta a normalidade, quando a Bárbara se aproximou da mesa já sabia que eu escrevia e era tradutor; mas eu ainda desconhecia que pudesse ser alemã e agente literária. Mas não se pense que saí da Letra Livre de mãos a abanar com a minha escrita; vim com Walden (H. D. Thoreau), enquanto aguardo que o Carlos me ponha a Caminhar antes de ensinar o filho. «A Natureza não põe nenhuma questão, nem sequer responde ao que nós, mortais, perguntamos».
Papiro do dia (137)
«… nesta mesa, na cadeira vazia da outra cabeceira, está o exemplo: é na memória do avô que dormem nossas raízes, no ancião que se alimentava de água e sal para nos prover de um verbo limpo, no ancião cujo asseio mineral do pensamento não se perturbava nunca com as convulsões da natureza; nenhum entre nós há de apagar da memória a formosa senilidade dos seus traços; nenhum entre nós há de apagar da memória a sua descarnada discrição ao ruminar o tempo em suas andanças pela casa; nenhum entre nós há de apagar da memória as suas delicadas botinas de pelica, o ranger das tábuas nos corredores, menos ainda os passos compassados, vagarosos, que só se detinham quando o avô, com dois dedos no bolso do colete, puxava suavemente o relógio até a palma, deitando, como quem ergue uma prece, o olhar calmo sobre as horas; …»
[Raduan Nassar, Lavoura Arcaica; Relógio D’Água, Outubro 1999]
1 de outubro de 2011
Subscrever:
Mensagens (Atom)