27 de novembro de 2011

Nem sempre a lápis (233)

Quando vou ao tabaco, aproveito a demora de um café distraído com o movimento da rotunda do Largo 1.º de Maio, em Portimão. Entre a variedade da oferta, dividida por biombos publicitários e identificada pela cor das cadeiras, ocupo a Riviera; local tomado com Blues para uma puta velha. Um serrano deslocado, de safões e blusão de treino, pescadores de bicicleta e balde no guiador, dj’s ao volante de mesas de mistura de som, casais assarapantados com o trânsito da urbe; e peões, caminhantes e transeuntes com passo ao ritmo da vida deles, em princípio. Uns metros mais adiante, na tasca entre a Florista do Sapal e a Barbearia Popular, donas de casa jogam às cartas; separados pela janela. Encolhida a frequência turística, os leitores de imprensa ordinária ganham outra dimensão; apontam raças e credos, com malícia fundamentalista, cronometram a assiduidade rotulando de puta, as que fazem questão de o ser e as que não se nota que o sejam, com a cumplicidade alarve de um sorriso: «Lá vai ela outra vez.» Não sei se seria a esposa de algum deles; fui tratar do jantar.

2 comentários:

F disse...

donas de casa a jogar às cartas!!
Vida santa!

fallorca disse...

Um espectáculo que só visto; damas de bisca lambida ;)