19 de setembro de 2010

À mão de ler (85)

«O TABERNEIRO é da cintura para cima. Poderia ser centauro. Centenário. Milenar. E é-o: pereneterno. Com ou sem laço ou ou pano pelo braço, de afro-hair-do, azougado tatoo, uma dentição d'ouro reluzente ou "sempre a considerá-lo" - depositando-as-fêveras. Pode chamar-se António, Miguel, Moussa ou Jeanne, qualquer-coisa-de-Bruges-ou-de-Sèvres - decepado por berço, por boteco ou botelha, o certo é ser só busto aos olhos da cangalha.
Fico-me pela foda variegada, pelo vinho, pelo cheiro do papel e pela visão dimensionante de uma montanha de fogo junto ao mar. "Desculpem se me cago para vós e, já agora, vão-me ganhando a vida, que, para gastá-la, podem contar comigo."»
[Miguel Martins, O Taberneiro; Poesia Incompleta, Maio 2010;

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