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Chega-lhe à alma o desaparecimento dos autores literários. Comove-se sempre com essa realidade que a Rede anuncia para o futuro, cada dia com mais claridade. "Mas vejamos – diz o articulista –: se o previsto final do livro impresso já provoca no leitor tradicional mais do que estranheza, repulsa, que dizer do escritor que vê nesta vertigem uma espécie de atentado ao objectivo e à natureza do seu trabalho? Mas, segundo parece, o rumo está definido e a sorte da tinta e do papel está lançada. Não haverá argumentação que consiga distrair o seu penoso destino, nem clarividente ou profeta que possa precaver a sua sobrevivência. O funeral já se pôs em marcha e nós, que conservamos a nossa fidelidade pelas folhas impressas, de nada nos vale protestarmos ou espernearmos no meio da falta de esperança."»
[Enrique Vila-Matas, Dublinesca; em tradução para a Teorema;
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