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«Uma noite de Março em Dublin, o escritor irlandês teve uma revelação definitiva, o género de revelação que causa inveja:
"No final do molhe, no vendaval, nunca o esquecerei, ali de repente tudo me pareceu claro. Por fim, a visão."
Era de noite, com efeito, e, como tantas outras vezes, o jovem Beckett errava solitário. Encontrou-se na ponta de um molhe varrido pela tempestade. E então, foi como se tudo recuperasse o seu lugar: anos de dúvidas, de buscas, de perguntas, de fracassos, ganharam de repente sentido e a visão do que teria de se realizar impôs-se como uma evidência: viu que a escuridão que sempre se tinha esforçado por rejeitar era, na realidade, a sua melhor aliada e anteviu o mundo que devia criar para respirar. Forjou-se ali uma espécie de associação indestrutível com a luz da consciência. Uma associação até ao último suspiro da tempestade e da noite.»
[Enrique Vila-Matas, Dublinesca; em tradução para a Teorema;
Foto]
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