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«- A minha teoria, explicou, é a seguinte. A novela policial representa no século XX o mesmo que a novela de cavalaria no tempo de Cervantes. Creio mesmo que poderia fazer-se qualquer coisa de semelhante ao D. Quixote, uma sátira da novela policial. Imaginem uma pessoa que passou a vida a ler novelas policiais e atingiu a loucura de pensar que o mundo funciona como uma novela de Nicholas Blake ou de Ellery Queen. Imaginem que, finalmente, esse pobre tipo se lança a descobrir crimes e a proceder na vida real como um detective dessas novelas. Creio que se poderia fazer qualquer coisa de divertido, trágico, simbólico, satírico e belo.»
[Ernesto Sabato, O Túnel; trad. Francisco Vale, Relógio d’Água, s. d.]
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