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Miro com ar desconfiado os ladrões e os anjos do cartaz do monte Calvário.
– Não teve de encolher um bocadinho o desenho?
– Não senhor.
– Nem um anjo ficou de fora? – espanta-se Ned. – Nem aquela parte ali do primeiro plano?
– Não tirei nada de nada. Um trabalho de trinta e cinco dólares, a cores, com ladrões, anjos, letras góticas, o serviço completo. Ela saiu aqui da loja inchada como um pavão. Não há por aí muita senhora que se possa gabar de ter nas costas o Calvário inteirinho, a cores e tudo.»
[Sylvia Plath, Zé Susto e a Bíblia dos Sonhos; trad. Ana Luísa Faria, Relógio d’Água 2013
peixotices]
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