18 de setembro de 2011

Nem sempre a lápis (210)

Se alguma coisa aprendi com o Vitor, foi a gostar da vida dos livros e a fazê-los; para que se façam, uns aos outros. Olho para as estantes e caixotes e sorrio ao ver a quantidade de edições da Ulisseia que me acompanham; mandava-as vir pelo Correio, pagas com selos fanados no escritório do meu pai. Creio ter descoberto o método com a aquisição de Pela Estrada Fora, embora me pareça pouco provável que me tenha feito a ela em 1960; tinha onze anos. Vivo de traduções, do comércio dos livros, numa sólida relação de convívio. Olho para os livros que me editaram e, a haver reparos, a culpa é minha; irrepreensível, o objecto com título. Desprezado o preconceito da auto-edição, reencontro nela a cumplicidade tipográfica perdida. Antes dos jornais, quando lia e escrevia em cafés de província, fui seduzido pelo cheiro da tinta e dos caracteres de chumbo, a caminho do colégio. É provável que a minha vocação minimalista me tenha desocupado das folhas que mandava imprimir só pelo prazer de as ver compor; imaginado o livro. Recuperado algum dinheiro empregue e não gasto, na minha primeira edição, invisto-o num segundo título, para que as duas tornem possível a seguinte.

2 comentários:

sonia disse...

Só essa capa aconchegante já dá água na boca de ler o livro...
Abraço

fallorca disse...

Obrigado, Sónia :)