12 de janeiro de 2011

Nem sempre a lápis (121)

Chego a casa e ponho-me à vontade; arrumo a prótese, calço as babuchas, olho para o saco com vinte e três livros que trouxe; dois ou três idos daqui. Como não deu para ir ao peixe ao mercado e fazer uma fritada com arroz de tomate, quase trezentos quilómetros depois, tenho uma sopa de nabiça ao lume, para o jantar. Sou um gajo solitário; prezo muito, e cultivo ainda mais, a minha secreta solidão. À minha esquerda, Alcácer refulgia ao Sol; do outro lado, só retalhos de verde conseguiam iluminar o céu plúmbeo da margem sul.
«No canto superior direito, / o índice dos teus dedos, / a tua sombra em tantas páginas.» (Margarida Ferra)

6 comentários:

Fernando Dinis disse...

Ao ler este teu apontamento, atento à imagem de um espaço acolhedor propenso ao recato e leitura, lembrei-me de imediato desta música:

http://www.youtube.com/watch?v=vPzS91gGzLM

Abraço

imo disse...

vinte e três? fabuloso :)
acolhedor, este texto.

fallorca disse...

Dinis, já «passei» esse tema ou outro deles, aqui no gramofone :)
Tás porreiro?

imo, 23 porque não cabiam mais e não havia pressa. A jardineira Margarida Ferra e o último leitor Toscana, tiveram de ficar apoiados sobre os outros ;)

Fernando Dinis disse...

Fallorca, estou porreiro sim. Um pouco como tu. Abrigado, mas atento.
:)

Areia às Ondas disse...

o que a internet tem de bom é que não há quilómetros de permeio. é abrir, ler e sorrir.

fallorca disse...

E permutar