«Descendo logo do comboio num estado de excitação, falando, contando aos homens e às mulheres de idade que eram os pilares da igreja, como a sua mente desde o primeiro momento já estava orientada para Jefferson, desde que decidira tornar-se um pastor, contando-lhes, com uma espécie de contentamento, acerca das cartas que tinha escrito, das preocupações que causara, e das influências que usara para ser chamado para aqui. Para as pessoas da cidade aquilo soava como a alegria de um negociante de cavalos a propósito de um negócio rentável. Talvez fosse assim que aquilo soasse para os mais velhos. Porque eles o escutavam com alguma frieza, espanto e dúvida, visto que ele dava a entender que era a cidade que ele queria servir. Como se ele não se importasse com as pessoas, as pessoas vivas, com saber se elas o queriam ou não. E como ele também era jovem, os homens e as mulheres de idade tentaram rebater a sua jovial excitação com assuntos sérios da igreja, da responsabilidade desta e dele próprio. E eles contaram a Byron como o jovem pastor ainda andava excitado, mesmo após seis meses, falando ainda da Guerra Civil e do seu avô, um homem de cavalaria que fora morto, e dos armazéns do General Grant ardendo em Jefferson, até tudo se tornar absurdo. Eles contaram a Byron como ele parecia falar do mesmo modo também quando estava no púlpito, selvagem também no púlpito, usando a religião como se ela fosse um sonho. Não um pesadelo, mas qualquer coisa que andava mais rápido do que as palavras do Livro; uma espécie de ciclone que nem sequer necessitava de tocar na verdadeira terra. E os homens e as mulheres de idade também não gostaram daquilo.»
[William Faulkner, Luz em Agosto; trad. Jorge Telles de Menezes, Bibliotex, 2003]
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