7 de outubro de 2013

Nem sempre a lápis (399)

Longe do mundo

O ar risca a luz como um buril antigo. E assisto impávido à venenosa sequência dos meus dias.
Sem esperança, nem conformismo.

Optei pela demissão. É tarde e apercebo-me que não há citrinos para lá do muro azul do mar.


Os livros usurparam as tábuas. Onde antes palpitavam veios, alinham-se agora letras horizontais. Letárgicas.
A cerâmica deixou as letras órfãs, e os buris apodrecem nas jazidas cuneiformes.

Quando as lombadas empenam o horizonte, recortadas pelo analfabetismo,
os poetas emendam a voz. A poesia sobra.

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