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Não acredito muito nos grandes sentimentos. Em vez deles, vejo um exército de insectos ou de formigas que mordem em todos os sentidos. Por vezes, estas minúsculas flechas negras reúnem-se, e a razão dos homens perde o equilíbrio. Durante alguns minutos, algumas horas, é o reino do caos, da aventura. A febre, a dor, a fadiga, o sono que chega, são paixões fortes e tão desesperantes como o amor, a tortura, o ódio ou a morte. Outras vezes, o espírito assaltado pelas sensações sucumbe numa espécie de êxtase material. A imagem da verdade é mais ofuscante que um protector.»
[J.-M. G. Le Clézio, A febre; trad. Liberto Cruz, Ulisseia, Novembro 2008]
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