«Ao longo de toda a manhã, sempre que não estava ocupado com um paciente, dava por si a pensar no encontro de Manna com o comissário Wei. Sentia-se muito inquieto, porque tinha ouvido histórias horríveis acerca da vida privada dos oficiais superiores e receava que Manna pudesse tornar-se uma das suas vítimas. Falava-se muito do general-de-campo, o comandante Pengfan Hong, que costumava mudar de esposa de três em três ou de quatro em quatro anos, porque era demasiado selvagem na cama para que uma mulher normal o pudesse suportar durante muito tempo. Todas elas caíam doentes um ano após o casamento, acabando por morrer de uma doença renal. O Partido ia conseguindo arranjar-lhe novas esposas, mas, após a morte de diversas mulheres, o comandante foi finalmente persuadido a casar com uma grande mulher russa, a única que conseguiu permanecer ilesa após sete anos de vida em comum. Os receios de Lin agravaram-se quando lhe disseram que o comissário Wei era um homem corpulento.»
[Ha Jin, À espera; trad. Rui Pires Cabral, Gradiva, Agosto 2000]
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