9 de agosto de 2011

Nem sempre a lápis (197)

Às vezes, perguntam-me e interrogo-me o que me tornou «refém de Tânger» (Mohamed Choukri), há quase quarenta anos. Em Diário Volúvel surpreendeu-me um flash semelhante ao que apoquentou Vila-Matas, enquanto via as fotos do Rajastão para uma exposição do seu antigo colega no colégio dos maristas e um craque do xadrez, Tito Dalmau: «Se não se desse o caso de ser improvável, afirmaria agora mesmo que é o velho hindu que há anos, num antigo claustro cátaro dos arredores da cidade de Soria, me trespassou com um só olhar e depois se afastou sigilosamente. Pensei sempre que na sua expressão havia algo especial para mim, que me quis dizer algo, nunca soube o quê.»
Creio que continuo à espera de encontrar o djin, todo vestido de branco e a acariciar um ouriço-cacheiro na palma da mão, com que me cruzei a primeira vez que saí do ferry, encaminhando-me ao longo da avenida do porto de Tânger com a mochila às costas. Fitou-me nos olhos à medida que me aproximava e, quando nos cruzámos, escangalhou-se a rir.
Como continuo a vê-lo rir-se, passei a apanhar um táxi e a ficar no Hotel Rembrandt; talvez apoquentado com o que não me disse e ainda não sei se quero ou já sei saber.

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