27 de agosto de 2011

Nem sempre a lápis (203)

Tomei o chá do crepúsculo a matutar numa afirmação de George Steiner lida em O Silêncio dos Livros. O original é de Janeiro de 2005, leio na edição portuguesa só dois anos mais velha. Em traços gerais, decorridos quatro anos sobre a primeira leitura, surge a divergência quanto à conclusão de um estudo: «uma considerável percentagem de adolescentes é incapaz de ler sem música de fundo»; a prótese electrónica. Quando ainda havia cafés – precisamente os referidos por Steiner em Uma Ideia da Europa –, a maior parte deles oferecia o jornal da casa; hábito que em alguns dos estabelecimentos que os substituíram subsiste, deturpado pela imprensa desportiva e de nem por casa se trazer. Os cafés possuíam um barulho de fundo, rádio e bilhares incluídos, propício ao silêncio da leitura e da intimidade da escrita. Como o movimento das esplanadas, estáticas, e a ilusão veiculada pelas carruagens de comboio, em andamento. Escrevo, anoto, por vezes leio, mas perdi a necessidade de lugares públicos, à medida que conquistava e moldava ao silêncio criado pela leitura; a casa.

[tásse]

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