8 de junho de 2012

Nem sempre a lápis (287)




9. Foi assim como o cavalheiro descobriu a arte de andar à lenha, sem os cães; o coreto e um jardim de laranjeiras, acompanhado por eles. Ficava no centro da vila elevada ao incompreensível estatuto de cidade. Na pastelaria da avenida, um inconveniente friso de fotos antigas denunciava a existência de uma alameda de que o coreto era o único testemunho perdurável; acompanhado de perto por uma esplanada e guardado por um rafeiro anti-social.
Deixava o carro estacionado na avenida e demorava-se o tempo de tomar um garoto, a vigiar os avanços do tinhoso a rilhar os dentes à volta da mesa, a confrontar a ardósia com a toalha da tasca na esquina que determinava o rumo do passeio.
Há muitos anos que o cavalheiro deixara de almoçar, mas a cozinha era uma das suas fraquezas secretas. Alimentava-se com os erros ortográficos das ementas, corrigidos com uma meia de leite e qualquer coisa; uma patanisca de bacalhau se tivesse ido à papelaria, a ver o resultado impresso numa mesa do mercado.

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