14 de junho de 2012

Nem sempre a lápis (289)

O rádio, o transístor, estava dentro do estojo de pele preta ressequida, com furinhos para o altifalante e uma janela para o mostrador. Os botões que ligavam o volume e procuravam a sintonia rodavam de um dos lados; do outro, a entrada para os auriculares. Era pouco maior e pouco mais grosso do que um maço de cigarros. Encontrou-o na gaveta, onde continuavam brinquedos e peças de jogos e de brinquedos, do móvel preferido do filho. Enquanto o tamanho e a curiosidade permitiu, sentava-se dentro do armário a brincar e o pai ainda ponderou a necessidade de instalar uma lâmpada; uma gambiarra. Abriu uma gaveta com cassetes mudas, outra com álbuns de loja de revelação de fotografia e noutra encontrou o jogo, o Tomahawk, que procurava e viu o transístor com os auriculares perfeitamente enrolados e apertados por um elástico que se partiu, ao recordar. Verificou as pilhas, que substituiu e ligou o transístor; emitia num tempo que os ultrapassava.

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