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«A bala encontra-se confortavelmente escondida na câmara. E onde se esconderá a minha própria corrupção? Já que estou a pôr tudo em causa, retomo as coisas no sítio em que as deixei. Talvez o que me falte seja a vontade de enfrentar não o tédio dos tachos e das panelas e da mesma almofada todas as noites, mas uma história tão enfadonha que poderia muito bem ser uma história de silêncio. Falta-me coragem para me calar, para morrer e regressar ao silêncio de onde vim. A história que estou a fazer, ao carregar esta arma pesada não passa de um balbuciar espúrio e histérico. Serei assim tão medíocre que só me consiga exprimir por meio de balas? É com esse receio que saio dali – uma figura implausível: uma senhora com uma espingarda na noite estrelada.»
[J. M. Coetzee, No Coração Desta Terra; trad. Maria João Delgado, cortesia da revista “Sábado”, 3€;
da net]
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