2 de julho de 2012

Nem sempre a lápis (295)

Como havia semanas que não lhe ocorria nada, um escritor decidiu viver um momento muito delicado coincidente com a inevitabilidade desportiva e a agressividade promocional de um grande grupo económico. Estava informaticamente convicto de que a infeliz conjunção bulia com a rotina dos níveis de audiência do blogue de que era o autor, comparando-os com as actividades levadas a cabo entre as duas capitais do país fratricida em que se exprimiam: Golo!, o único grito em uníssono. Metódico e sofrido, verificava o dia e a semana e o mês, no sismógrafo da blogosfera. Não havia dúvida: numa semana, deram-lhe música a Norte e ficou-se por uma exausta centena de visitantes; numa outra, uma manifestação rural no terreiro ao desbarato entre o Iluminismo conduziu a audiência ao previsível açougue. Encontrando-se o escritor no campo que vai dar à praia, não recorre à bula enquanto toma a medicação; espreita a lenta recuperação da gema, da polpa dos seus dedos dos efeitos secundários da concorrência desleal, digamos assim – e o escritor concordou.

Sem comentários: