27 de abril de 2010

Nem sempre a lápis (12)

Fiei-me numa ideia de Sul e vim de peito feito arreganhar pelas esplanadas. Só jantei uma vez ao ar livre que, por ser livre, anda num rodopio pela rua; frente de mar incluída. É possível que já tenha passado por antipático; surpreende-me o número de rostos reconhecidos que não identifico e confronto com os de outras paragens, todos familiares. Hoje acordei cedo, bastante mais cedo do que pensava, deitado a ver o dia nascer na cercadura da janela, sem ligar o portátil. Não toquei na tradução; olhei os blogues de relance, sem comentários. Tenho calcorreado as ruelas, os becos com saída onde não entrei. Gosto de me refugiar nesta hora magritteana, possível aqui, em Mortágua, em Carnaxide; Lisboa tem as horas fundidas no mostrador do bulício. Do outro lado, já apanharam griséus e deve haver favas; aqui, semeiam garbanzos nos campos pobres. Ulisses (James Joyce) continua a resistir ao emagrecimento das prateleiras de livros, ao fundo da tabacaria da Fortaleza.

Começámos a aproximar-nos um do outro assim que iniciei o reconhecimento da baía. Ele, vindo da extremidade da Galé; eu, a partir da extremidade consensual da lota, ambos à babugem. Não nos cruzámos; desaparecemos um no outro.

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