21 de abril de 2010

Nem sempre a lápis (6)

Enquanto não tenho azo para substituir a secretária da entrada por uma mesa, para ser recebido pela Hermes 2000 quando abro a porta, optei por escolher uma pedra da marquise para mudar a recepção. É uma das muitas pedras roladas que apanhei nas praias do Barlavento, escolhidas aos fins-de-semana fora de época, trazidas pela minha ex-nora. O objectivo, urbano, era – seria, porque nunca o vi – fazer um jardim a armar ó zen, prescrito pela escola ikea, pelas revistas de interiores, que me sugerem sempre lingerie doméstica; lingerie para o lar. Imagino a surpresa de quem entrar – a mulher-a-dias amanhã, por exemplo – e vir a decoração; o arranjo. Dificilmente lhe passará pela cabeça que tenha posto uma pedra em cima de tantos assuntos.

«Era uma história que tendia a alastrar em todas as direcções e que, no entanto, se mantinha essencialmente portátil.» (J. D. Salinger)

Sem comentários: