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- Vem, Maria, a Companhia de Reis chegou – falou Nico baixinho atrás da porta.
Um homem ágil, vestido de chita e máscara, fazia macaquices. Atrás vinham os músicos, uma sanfona, uma viola, uma caixa. Por último, um homem com calça de cetim segurava a bandeira, nela três estrelas e um menino. Os reis magos vinham dar a benção, com a bandeira desfraldada, entraram na casa. Final de Dezembro, o nascimento de uma coisa e morte de outra. Alinharam-se na cozinha e um negro velho entoou uma ladainha. A sanfona adocicou o grave da caixa, a voz cobriu a casa com vibração esvoaçante. O mascarado deixava vazar dois olhos de tempestade, girava a cabeça de um lado para o outro, dava pulos no mesmo lugar. Ao fim da ladainha aninhou-se aos pés do sanfoneiro. Nico beijou a bandeira e a levou por todos os cômodos, batizando a casa.»
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