«Da praia, ao entardecer, olho para trás, para terra, e vejo campanários contra o céu, e, num telhado, algo que parece ser quatro estátuas brancas de mulheres de roupão e recortar-se contra o céu, como num cemitério, mas, depois, olhando com mais cuidado, vejo que são quatro guarda-sóis brancos fechados com uma bolas grandes no topo. Na água, os pequenos barcos apontam todos na mesma direcção, nos seus ancoradouros; só um, de repente, se move de forma independente, vagueando um pouco, girando.
À noite, a Igreja Universalista Unitária tem uma vela acesa no campanário, em memória dos que se perderam no mar.
À entrada do beco, do meu beco, aí onde desagua na rua, como a foz de um riacho, há a vida da rua, turbulenta, redemoinhante, correndo sem descanso para as primeiras horas da manhã.
De madrugada fui acordada por uma bulha no jardim do outro lado da minha porta. Era uma doninha presa numas sarças.»
[Lydia Davis, Contos Completos; trad. Miguel Serras Pereira e Manuel Resende, Relógio d’Água, Julho 2012;
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