25 de julho de 2010

Nem sempre a lápis (62)

A ociosidade alarga o horizonte, os cheiros, a luz, os sons, a alma. Tudo se alarga nos tempos de ócio; sem a incómoda necessidade de sair de casa, porque a própria casa se alarga e paira como uma nuvem para nos proteger do Sol e da chuva. Ouço ao meu lado, «Já estava farta de férias, de estar sem fazer nada», referindo-se a um fim-de-semana alargado ou a um simples fim-de-semana. A ociosidade aqui não alarga nada, é largada; as pessoas sentem-se diminuídas, aterrorizadas com o alargamento do horizonte e largam o ócio. Sacodem-no, só não o pisoteiam porque não o conhecem. Vontade não lhes falta, mas não chega; é curta e o ócio alarga o horizonte, para nem falar da vontade dos ociosos. É possível que apoiar o rato do moleskine em cima de No País da Magia, me faça ler assim. Henry Michaux não brincava com coisas sérias; quem não sabe que «esta gota de água é mais sensível do que um cão»?
[foto: Nico]

3 comentários:

Cristina Torrão disse...

O ócio sempre foi o motor da criação. Que o digam Aristóteles, Sócrates (o grego, claro) e outros que tais.

fallorca disse...

Trouxe a cadelita emprestada; devolvo-a 3.ª feira, fiufiu...

Cristina Torrão disse...

Agora entendi! Com muito gosto, ainda bem que lhe agradou :)