Precisei de mudar três vezes de mesa para encontrar a posição mais confortável e anotar a súbita pertinência desta vulgaridade; como mandam as regras, já consultei tantas vezes a velha tradução de João Palma-Ferreira, editada pela Livros do Brasil que, a partir desta noite, deixo de pertencer ao vasto número «de leitores que se vangloriam de nunca ter lido Ulisses». Tenho ali – mais como objecto curricular, juntamente com o Cahier de L’Herne sobre a Beat e Apocalipse, editado por Fernando Ribeiro de Mello – o livro I de Finnicius Revém, versão brasileira, introduzida e anotada de Donaldo Schüler, que a Ateliê Editora / Casa de Cultura Guimarães Rosa, em 1999, se propunham publicar nos dezassete capítulos que perfazem as quatro partes do enigmático texto de Joyce, mas terá sido acelerada a avaliar pela capa do livro II. É curioso que chegue ao fim do mês para me entregar ao ambiente de Dublin, sem barbour nem mackintosh, não com o exemplar que sobrevive esquecido na tabacaria da Fortaleza, em Armação, mas outro da mesma tiragem – até há bem pouco, intacto – que ainda não tive oportunidade de devolver. É um pouco como a estupidez de procurar realizar, quantas vezes por todos os meios e inventem-se os que forem necessários para concretizar fantasias. Nunca mais se recuperam e nada é tudo o que ocupa o espaço vazio; o equívoco algarvio que me gangrenou o Sul.
27 de julho de 2010
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2 comentários:
:-)
Eu tenho para ler há uns 10 anos "Gente de Dublin", já lhe peguei algumas vezes, é maneirinho, transporta-se com facilidade, leio uma página ou duas, e esqueço-me dele até voltar a pegar-lhe. E olha que gosto do que leio, mas é como se me bastasse aquele gosto de uma página ou duas. Ando nisto há quase 10 anos(com esse livro e outros) são poucos, muito poucos, os livros que leio como se tivesse sede. Na maioria das vezes, dou uns pirolitos ao acaso, aqui e ali. Por aqui.
«...são poucos, muito poucos, os livros que leio como se tivesse sede...»
A quem o dizes, mecinha marafada ;)
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