1 de agosto de 2013

Nem sempre a lápis (381)

Sueste
 
3. Enquanto o dia se derreia de cheiros e silêncio, como os olhos frios de um ancião se apoiam nas sebes do futuro,
os orégãos toldam a eira e os pardais disputam as entranhas da palha trazida pelo sueste.

Só as osgas assomam entre as canas e as escamas do telhado, farejando a lentidão do ar,
os trilhos onde a luz se sacia,
contra uma parede de argila e memória ausente.
Só a roupa adeja vazia nas cordas ao sol e ninguém lhe responde ao aceno,
ninguém parte com a humidade que goteja no chão.

Ninguém irrompe nos labirintos de luz que atordoa as veias,
ninguém, já ninguém canta na lucidez inútil.
 

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