30 de agosto de 2013

Nem sempre a lápis (388)

Longe do mundo

Tacteio o ar para esquecer a aridez do tempo.
Nos corredores ainda se ouvem as correrias e os gritos da infância,
mas tudo não passa de uma ilusão para adiar a noite.

Os telhados vibram como escamas ao sol, e a casa treme sob as pálpebras.



Devorei cidades e casas. Armadilhado pela torpeza das emoções e sentimentos
destrui vidas e recusei o futuro. Alimentei a ansiedade e o ódio.

Apátrida e faminto
troquei as giestas pelos sapais, o suão pela maresia. E seria tudo, outra vez.

[Longe do mundo; frenesi, 2004]

Sem comentários: