1 de julho de 2010

À mão de ler (46)

«Os únicos que não se mexeram foram os homens embriagados, sujos e com a barba por fazer, que estavam agachados junto de dois postes da luz a sorrir filosoficamente para as oportunidades que estavam a perder.
Desfiz o saco e distribuí pelos amigos e familiares os óleos, os pozinhos, os embrulhinhos mágicos e todos os outros amuletos da sorte que acumulara pelo caminho. Só não consegui desfazer-me da lembrança inquietante daquela enorme massa de gente desesperada, desorientada, ávida e irada, que, do Vietname à China, da Mongólia à Rússia, deixara para trás.
Se tivesse viajado de avião, nunca a teria visto»
[Tiziano Terzani, Disse-me Um Adivinho; trad. de Margarida Periquito, Tinta-da-China, Novembro de 2009]

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