7 de agosto de 2013

Papiro do dia (424)

«A capa de um livro como a sua primeira manifestação concreta, a sua entrada no mundo visível. Um primeiro choque entre o livro imaginado e esse outro, que começa a existir nesse instante, através do olhar de outra pessoa. O autor da capa como leitor, como o que “vê” e dá a ver o livro, e dele transmite uma primeira aproximação, resumo ou retrato.
É nesse instante que o livro surge que o seu autor começa a desaparecer. O que se segue, a partir daí, serão sempre outras visões, propostas, leituras, por vezes opostas à do autor, que, no seu conjunto, serão a vida do livro. Enquanto ele não morrer.»




[Teolinda Gersão, As águas livres – Cadernos II; Sextante, Abril 2013,
quem tem capa...]